terça-feira, 20 de outubro de 2009

Um dia inesquecível na Casa Lapostolle - Parte I

Nossa primeira visita  de nosso wine tour pelo Valle de Colchagua, no Chile, foi na Casa Lapostolle. A primeira e a mais inesquecível, a melhor de todas, sem dúvida.
Chegamos as 12:30 na vinícola que produz o vinho que foi eleito o melhor do mundo, segundo a Wine Spectator, o Clos Apalta 2005, com 96 pontos! Da parte de baixo do vale, se avista a charmosa vinícola no alto do morro, que tem uma pousada de luxo e restaurante.
A visitação e degustação dura em torno de uma hora a um custo de $ 20.000 (cerca de R$ 74,00) com um vinho de cada linha: Clásico, Cuvée Alexandre e Clos Apalta.
Iniciada a visita, a nossa guia Erika explicou que o projeto teve início em 94, com a associação entre a família francesa Marnier-Lapostolle juntamente com uma família chilena. No ano de 2000, a família francesa, que produz vinhos e o licor Grand Marnier na França, comprou a totalidade do projeto.
De fora, a visão da vinícola, que representa um ninho, é linda e cheia de significados. Um ninho estilizado, com 24 postes de madeira que representam os meses em que o vinho aí permanece antes de surgir para o mundo... 
Foi inaugurada em 2006 e todo o piso é feito com a própria pedra de granito escavada no terreno. Cada detalhe está aí pra impressionar, como as mãos nos quadros, simbolizando os trabalhadores e a bela escada que nos levou até outros níveis pra acompanhar a descida do vinho totalmente por gravidade.
Nessa vinícola são produzidos os vinhos premium, Clos Apalta (60.000 garrafas / ano) e Borobo (3.000 garrafas / ano), esse último a menina dos olhos do aclamado winemaker francês Michel Rolland. Os demais, da linha Cuvée, são vinificados em outra unidade.
Nossa primeira parada foi na sala de fermentação. Ela é toda feita em pipas grandes de carvalho francês, em uma sala nublada por causa do controle rigoroso de umidade. Aqui chegam as uvas, que são desengaçadas manualmente e só por mulheres.
A maceração gira em torno de 7 dias a 8º, sendo que a fermentação dura umas duas semanas, sem adição de leveduras. Fazem ainda uma pós maceração de uma semana. Os vinhos não são filtrados.
A empresa possui em torno de 180 hectares de vinhedos, sendo que os mais antigos tem entre 40 e 80 anos! As variedades são Carmenère, Cabernet Sauvignon, Pinot Noir, Syrah e Merlot. As brancas, como a Chardonnay, para o Cuvée Alexandre, são trazidas do Valle de Casablanca, terroir propício para os vinhos brancos. Aqui em Colchagua quem reina é a uva símbolo do Chile, a Carmenère. Detalhe: as uvas são cultivadas de forma orgânica, com total respeito pela natureza e  nossa saúde.
Descemos para o próximo nível, onde os vinhos envelhecem em barricas menores, onde é feita também a fermentação malolática a 22º. A empresa teve até o cuidado de comprar 5 barricas do carvalho mais antigo da França, uma planta de 1650! Foi comprado da Tonnelerie Sylvain e serão usadas no Clos Apalta 2009. Que capricho!
Depois dos primeiros 12 meses, o vinho desce para outro nível, onde permanece por outros 12 meses em barrica, mas agora já com o seu respectivo corte. É nesse andar, em meio as barricas, com uma mesa de degustação central, onde é feita a degustação. Pra nossa surpresa, a mesa central de vidro deixa transparecer uma escada que leva a uma adega com a coleção privada de vinhos da família... É de babar!
Vinhos degustados:
1) Casa Lapostolle Chardonnay 2007 ($ 6.000 ou R$ 22,00): Variedade 100% Chardonnay, proveniente do Valle de Casablanca. 30% do vinho é fermentado e deixado por 8 meses em barricas de carvalho. 
Muita fruta, abacaxi, com uma bela cor. Na boca é cheio, com boa acidez e boa duração. Notas de especiarias. O mesmo vinho no Brasil, safra 2008, importado pela Mistral custa hoje R$ 40,86.
2) Cuvée Alexandre Merlot 2006 ($ 13.000 ou R$ 48,00): 
- Corte: 85% Merlot e 15% de Carmenére. 
É muito intenso no nariz, aroma de flores e herbáceo. Aroma de geléia de frutas, café, cacau e pimenta. Tem um bom corpo e taninos firmes. Pode ganhar ainda com o tempo. Tem um bom custo benefício. Dificilmente conseguiria comprar um vinho desses por esse preço de alguma vinícola do Brasil. O preço de hoje da safra 2006 na importadora Mistral é de R$ 75,00.
3) Clos Apalta 2007 ($ 70.000 ou R$ 260,00): A safra 2005 do mesmo vinho simplesmente foi escolhida a melhor do mundo pela Wine Spectator, com 96 pontos. Mas a safra 2007 teve um clima favorável e promete. 
- Corte: 61% Carmenère, 24% Cabernet Sauvignon, 12% Merlot e 3% Petit Verdot. 
- Graduação: 15%
No nariz é complexo, com aroma de couro, geléia de frutas, flores, tudo muito elegante, nada se sobressai. Na boca ele é persistente, cheio, com taninos macios e com acidez sinalizando uma longa vida. Com a comida cresce muito, como vou contar a seguir. Se vale tudo isso, é relativo. Se é o melhor vinho do mundo, me diga você! A safra 2005 esgotou em todos os lados e hoje no site da Mistral, nenhuma safra se encontrava disponível.

Veja também aqui as fotos do almoço na Lapostolle.


O que: Casa Lapostolle (Na estrada entre San Fernando e Santa Cruz pegar a direita no sentido Apalta. Tel 72 953350, e-mail closapaltatours@casalapostolle.cl.
Serviços: Degustação e visita ($ 20.000 ou R$ 74,00), almoço com Casa Lapostolle e Cuvée Alexandre ($ 40.000 ou R$ 148), almoço com Clos Apalta ($ 60.000 ou R$ 222). Fechado dia 01/01, 25/12, sexta -feira santa e todo o mês de agosto. Horários do tour: 10:30, 12:30 e 15:30. Somente com reserva.
Informação e reservaswww.lapostolle.com


Veja também:
- Chile: um almoço sem igual na Casa Lapostolle
- Chile: visita e degustação na Casa Silva
- Chile: fotos do almoço na Casa Silva
- Chile: winetour na Viña Montes
- Chile: visita a Concha y Toro

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