quarta-feira, 24 de junho de 2009

A arte de fazer pipas em madeira


Tanoaria ou fábrica das precisosas barricas de madeira. Essa é uma antiga arte, cada vez mais em extinção, principamente aqui no Brasil. Eu pensava que todas as barricas de carvalho francês e americano usadas em nossas vinícolas brasileiras fossem importadas, como as famosas Seguin Moreau, Taransaud e afins.

Fiquei surpreso ao visitar em Monte Belo do Sul (Vale dos Vinhedos) uma tanoaria em atividade. Eugenio Mesacaza, proprietário da pequena fábrica, me contou um pouco sobre sua atividade. Ele é fornecedor de barricas de carvalho de empresas como a Vinícola Miolo. A madeira, claro, é importada das floretas francesas e americanas.



Aí em sua fábrica as madeiras são serradas, lixadas e as barricas montadas. Com anéis, prensas e ajuda do fogo, as barricas adquirem o formato característico. Depois, com uma engenhoca provida de resistências, elas são tostadas de acordo com o gosto do cliente. Todos os equipamentos foram criações caseiras, com base no que Eugenio viu pelo mundo afora.

Mezacasa conta que a antiga arte veio com seu avô, que passou as técnicas para seu pai e finalmente para ele.

Hoje eles também consertam pipas antigas e fabricam ofurôs em madeira, muito bacanas.


Fica na parte central do pequeno município de Monte Belo do Sul.

O quê: Fabricação e Conserto de Pipas Eugenio Mesacaza (Rua Dom Luis Colussi, S/N, Centro, Monte Belo do Sul-RS, Vale dos Vinhedos. Tel 054 3457 1001. E-mail: tanoariamesacaza@yahoo.com.br).

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terça-feira, 23 de junho de 2009

Ostradamus, o melhor de Floripa


O simples fato de chegar no Ribeirão da Ilha, sul de Floripa, já desperta uma certa magia. Um lugar histórico, rodeado por construções de origem açoriana. Dentro desse clima está o Ostradamus.

Pra melhorar ainda mais as coisas, o restaurante tem uma vista pro mar impressionante... e de quebra, um trapiche avança sobre as águas azuis do sul de Floripa, para quem quiser deliciar todos os sentidos...

Chegamos em 6 amigos, no meio da tarde pra desfrutar até a noite. Foi isso e muito mais o que conseguimos, maravilha.

Na chegada já dá pra avistar as ostras, que são depuradas em uns tanques com água corrente por 12 horas. Esse processo é importante pra retirar as impurezas que podem vir com a água, ou seja: garantia de qualidade. Depois desse processo, as ostras são colocadas em um aquário para permacerem fresquinhas.

O lugar é concorrido, então é bom reservar mesa com antecedência. Não demorou muito pra sermos atendidos, porém já passavam das 15 hs, e estamos em junho... então, depois não me diga que eu não avisei!

Nossa mesa ficava do lado de uns janelões de vidro, onde estávamos mais do que bem sentados, vendo o sol se pôr aos poucos... Chato, não? A mesa, de vidro, tem um fundo interno com rolhas, garrafas de vinho e cerveja, muito bacana.

A decoração do Ostradamus é bonita, com nós de marinheiro e outras cositas de navegação. Os próprios garçons estão vestidos de marinheiro.


E por falar em garçons: o atendimento é muito bom, todos funcionários da casa foram mais do que atenciosos com a gente, serviço de primeira!

Pedimos 2 tipos de ostras como entrada: in natura (R$ 28 a dúzia) e gratinada (R$ 28,50 a dúzia). Não sou entendedor de ostras, mas gostei mais das in natura, pelo seu sabor original, pela aparência limpa e pelo frescor. As gratinadas estavam muito bem feitas e levam molho branco na composição, très bon!

Para harmonizar, pedi um vinho Sauvignon Blanc chileno Costa do Pacífico (R$ 30 a garrafa). Ficou perfeito.

Na sequência, pedimos 2 pratos, que serviram bem às 6 pessoas: um Risotto de frutos do mar (R$ 80,00) e um Filé de Linguado Grelhado (R$ 99,00). O risotto é simplesmente demais, muito bom! Prove sem titubear. Leva arroz arbório, camarão, lula em anéis, marisco, berbibigão, açafrão e outros temperos que deixam o prato fantástico.


Não provei mas vi o prato Sinfonia dos Náufragos (R$ 150,00). É um espeto com camarôes gigantes assados na brasa com molho de ervas... vai ficar pra próxima!


A cozinha pode ser vista desde o salão do restaurante, separada por um vidro. Tudo muito higiênico, feito as claras.

E para as formiguinhas mais famintas, a sobremesa. Pedimos 3: Banana flambada, Petit Gateau e Brownie, todas acompanhadas por sorvete (R$ 7,00 cada). Nas louças das sobremesas há frases do linguajar manézinho que precisam de tradução como "Arrombassi, istepô!" (algo como arrebentou ô coisa ruim!) , "Vinhas tão bem aí descambassi (tava mandando bem e aí desandou...) ", "Mofas com a pomba na balaia" (pode esperar sentado...)




Nos sábados à noite (durante a baixa temporada) acontece o Festival das Ostras (R$ 45,00), onde são servidos diversos pratos a base de ostras e frutos do mar.

O menu da casa pode ser levado como recordação, enrolado como um pergaminho. Mas a melhor recordação fica mesmo na memória: a comida, os sabores, o mar e o pôr do sol. Uma tarde memorável...

O quê: Restaurante Ostradamus (Rodovia Baldicero Filomeno 7640, Freguesia do Ribeirão da Ilha, Florianópolis-SC. Tel 48 3337 5711. Terça a sábado das 12 h as 23 hs).
Mais informação: www.ostradamus.com.br

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quarta-feira, 17 de junho de 2009

O melhor galeto do Brasil: Giuseppe, agora Di Paolo




I know, it´s only "galeto & massa", but I like it! O melhor galeto do Brasil (eleito pelo Guia Quatro Rodas) por diversos anos, faz jus a toda a fama que tem. Eu, como habitante da Serra Gaúcha, estou mais do que familiarizado com o estilo massa + polenta + galeto. Porém, a Casa Di Paolo (antigo Giuseppe) oferece uma versão desse modelo que é bem feita, impecável, assim como o serviço.

Cá estou eu na primeira casa do grupo (que hoje conta com filiais em Caxias, Bento e Gramado), situada em Garibaldi-RS, no complexo do Castelo Benvenutti, próximo da entrada para o Vale dos Vinhedos.

A construção do castelo é em pedra basalto, comum por essas bandas. O ambiente é típico italiano, com toalhas e decoração que remetem a origem dos imigrantes que por aqui se estabeleceram.

O serviço começa com uma típica sopa de capeletti e um pãozinho colonial. O brodo ou caldo da sopa é muito bom, sem gostos artificiais de caldos de caixinha. O próprio capeletti é pequeno e cozido al dente.

Depois de me abastecer com o brodo curador de qualquer super ingestão de vinho, a comilança. Primeiro, uma saladinha de radicci bem novinho, macio com bacon. Difícil encontrar igual por aí...


Depois, salada de maionese e as massas. Você escolhe a massa (tortéi ou espaguete) e os molhos: tradicional, funghi, tomate seco, quatro queijos e alho e óleo.



E eis então que o galeto chega e sacia a fome dos apetites mais vorazes... Macio, bem temperado, com a pele crocante... Sem comparação.



Toda essa fartura acompanha ainda polenta brustolada (na chapa) e um queijo a dorê... O queijo é recheio de uma massinha frita e fica como nessa foto, derretido, quentinho, bom pra chuchu!



O vinho da casa, um Merlot na garrafa, custa a bagatela de R$ 16,00 e, segundo o garçom, é produzido pela competente Vinícola Valmarino.

Pra quem aguentar a sobremesa, a casa oferece sagú com creme, pudim de leite e ambrosia.

No final, a conta saiu em torno de R$ 50,00 por pessoa com vinho e águas. E a nossa jornada etílica seguiu pelas vinícolas do Vale dos Vinhedos...

O quê: Casa Di Paolo (antiga Galeteria Giuseppe). Rodovia RSC 470, junto ao Castelo Benvenutti, Garibaldi-RS. Terça a domingo das 11 hs as 15 hs. Terça a sábado das 19 hs as 23 hs. Tel 054 3463 8008.
Mais informação: www.casadipaolo.com.br

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segunda-feira, 15 de junho de 2009

Il Brasile del vino di qualitá si presenta in Italia

Acontece amanhã em Torino, a primeira degustação oficial de vinhos brasileiros na Itália. Será conduzida pelo professor e sommelier italiano Roberto Rabachino. Dirigida aos profissionais do vinho, conta também com a participação do enólogo da Miolo Lorenzo Zonin.

Vinhos que serão degustados: Rosé Taipa 2008 (Pericò - São Joaquim-SC), Chardonnay Gran Reserva Casa Valduga 2008, Merlot Gran Reserva 2005 Boscato e Cabernet Sauvignon Gran Reserva 2005 Miolo.

Parabéns ao vinho brasileiro, cada dia mais presente em outros cantos do globo!

terça-feira, 9 de junho de 2009

Visita a Angheben Vinhos Finos

Dia desses, eu e meu amigo Rogério Milani (do blog Viajando Bem e Barato pela Europa), fomos visitar a Angheben. Estabelecida no Vale dos Vinhedos, ela tem uma curiosidade: todas as uvas processadas aí no Vale provem de seus vinhedos próprios, situados em Encruzilhada do Sul, nova região produtora de vinhos no Rio Grande do Sul.



O proprietário da empresa, Idalencio Angheben, foi professor por 30 anos e também enólogo da Chandon do Brasil. Durante o tempo em que esteve na empresa, Angheben participou do projeto de expansão da empresa francesa na busca de novos terroirs. Chegaram a conclusão de que o município de Encruzilhada reunia ótimas condições para o desenvolvimento da uva no Brasil: muitas horas de sol / ano, características de solo, topografia plana entre outros fatores.


Depois de se desligar da Chandon, Idalencio comprou uma propriedade no município, no ano de 2001 e começou o cultivo. Hoje estão plantados 22 hectares de uvas viníferas, 100 % em espaldeira e irrigados. A vinícola faz testes com muitas variedades pra saber qual a casta que melhor se adaptará as condições do clima local.

A hora da verdade:

A degustação foi conduzida pelo atencioso Anderson, que nos recebeu no local. Começamos com um Gewurztraminer safra 2008. Vinho com pouco corpo, sem madeira, leve com bons aromas de especiarias. Na sequência, um Pinot Noir (R$ 36,00) safra 2008. Não tem passagem por madeira, apresenta aromas de compota de fruta, cassis e menta. O bom Barbera safra 2007 tem 30% do vinho passado por barricas de carvalho. Estava um pouco fechado no começo, mas depois foi revelando bons aromas. Foi o vinho preferido do meu amigo Rogério. O Touriga Nacional safra 2005 (casta portuguesa) me agradou, com aromas bem pronunciados de marmelada e frutas vermelhas (R$ 36,00). Ainda, a empresa produz os vinhos Teroldego e Cabernet Sauvignon, além do espumante Brut Champenoise.


As dimensões da empresa são pequenas e a produção é limitada a 40.000 garrafas / ano. Dá pra visualizar todo o processo produtivo com uma simples olhada. O objetivo da empresa é esse mesmo, pequena produção e máxima qualidade, extraída de um terroir promissor aliada a experiência de seus proprietários.

O quê: Angheben Vinhos Finos (RS 444, Km 04, S/N, Vale dos Vinhedos, Bento Gonçalves-RS. Tel 054 3459 1261. E-mail: adega@angheben.com.br)
Serviços: Visitação e degustação guiada. De segunda a sábado das 9 hs as 17 hs, sem fechar ao meio dia. Aos domingos atende somente com agendamento prévio.
Mais informação: http://www.angheben.com.br/

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quinta-feira, 4 de junho de 2009

Visita a Calza Vinhos Finos e Espumantes



Depois de um giro pela bela cidade de Monte Belo do Sul-RS, no coração do Vale dos Vinhedos, fui parar nessa cantina, conduzido por meu amigo Moacir Dal Castel. Já conhecia há algum tempo os bons espumantes da Calza, então nada melhor do que conhecer o lugar de origem do produto.


Fomos recebidos pelo simpático enólogo-proprietário Toninho Calza, que fez as honras da casa. O lugar é bonito, a indústria é pequena assim como a produção: 50.000 litros de vinho e 35.000 litros de espumante (que tem o engarrafamento terceirizado).

Espumantes e Vinhos:

Provei o bom Calza Brut que possui o corte 33% Pinot Noir, 33% Riesling Itálico e 33% Chardonnay, que segundo Toninho é o mesmo corte da Chandon. É cítrico, com bons aromas, e acidez agradável.

Logo na sequência, provamos um Calza Brut Champenoise, que é lançamento. Tem um corte de 50% Chardonnay e 50% Pinot Noir. Igualmente bom, com boa cremosidade, de médio corpo. Ainda nos espumantes, a empresa produz o Brut Rosé e Moscatel.


O destaque nos vinhos fica por conta do ótimo Ouro Negro Cabernet Sauvignon 2005. Segundo Toninho, ele já foi servido até para o presidente Lula. A safra de 2005 foi excelente para essas uvas escolhidas a dedo pela Calza. Tudo isso se reflete no vinho, cheio, como bons e salientes aromas. A produção desse vinho é limitada e foram lançadas no mercado somente 4.800 garrafas.

É sem dúvida uma vinícola que faz um ótimo trabalho, através do empenho de seu proprietário que tem conhecimento de causa e é um grande trabalhador.

O quê: Calza Jr Ind e Com de Vinhos Ltda (Linha 80 da Leopoldina S/N, Vale dos Vinhedos, Monte Belo do Sul-RS. Tel. 054 3457 1173)

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